11 mar 2024

Santos Marcos Chong e Aleixo Se-yong, decapitados por seus parentes coreanos

Igreja que nasce no martírio
A história da Igreja é repleta de relatos de mártires, dentre eles, há uns mais conhecidos do que outros. Alguns nomes, como São Sebastião e Santa Luzia, são comuns entre os católicos. Outros mais recentes, como São Maximiliano Maria Kolbe, também são mais populares. Mas este texto pretende apresentar a você dois santos mártires, desconhecidos por muitos brasileiros, que, ao lado de outros, se tornaram verdadeiras bases da Igreja no Oriente: santos mártires Marcos Chong Ui-bae, catequista; e Aleixo U Se-yong, seu catequizando.

Fé na Coreia
Por causa da fé cristã, os dois foram ultrajados e flagelados pelos próprios parentes na Coreia em 1866. A oferta de vida deu origem à fé cristã na Coreia, que começa dois séculos antes, com a iniciativa de alguns leigos. O desenvolvimento das primeiras comunidades foi solidificado apenas no século XIX, com a chegada dos primeiros missionários vindos da França. 

Mergulhando na vida dos mártires chineses
Poucos anos antes, nascia Marcos Chong Ui-bae. Filho de uma família pagã da nobreza local, Marcos se tornou professor, se casou e ficou viúvo. Foi aí que se sentiu tocado pelo testemunho de dois sacerdotes católicos martirizados: a alegria dos padres, mesmo diante da tortura, fez com que o jovem coreano se interessasse pelo catolicismo, a ponto de pedir o Batismo pouco tempo depois.

Santos Marcos Chong e Aleixo Se-yong: a vivência cristã

Vivência cristã
Catequista, aderiu a uma vida de pobreza e austeridade, ao lado da esposa, também cristã, se dedicou à caridade, prestando serviços aos doentes e aos órfãos, chegando a adotar uma criança. Mas seu testemunho não foi o suficiente para conter a onda de perseguições que surgia contra os cristãos. Marcos chegou a ajudar muitos católicos a deixar a Coreia, mas decidiu permanecer no próprio país.

O encontro
Conheceu um jovem, enviado pelo então bispo São Simeão Berneux, para ser catequizado: Aleixo U Se-Yong. Também oriundo de uma família rica, Aleixo rapidamente aceitou a pregação do Evangelho realizada por Marcos e se tornou cristão, abandonando a família que não aceitava aquela conversão, a ponto de ameaças e agressões físicas. Anos depois, fruto de sua intercessão, 20 membros de sua família aceitariam se tornarem cristãos.

A Perseguição e Negação

Perseguição
A perseguição contra os cristãos continuava: de um lado, o confucionismo, religião oficial do Estado, e, de outro, as tradições de veneração de ancestrais. Marcos Chong Ui-bae é preso. Seus algozes tentam em vão que ele denuncie outros católicos; Marcos oferece nomes de cristãos que já haviam morrido, em sinal do seu amor aos irmãos e sua fidelidade a Cristo. A Igreja relata que foi Aleixo quem se empenhou na tradução do Catecismo e de outros textos católicos para o idioma coreano. 

Negou e arrependeu-se profundamente
Ao saber da prisão daquele que o havia catequizado, resolve negar a fé cristã e participa de um linchamento de um catequista. À semelhança de São Pedro, é irremediavelmente tomado por um arrependimento profundo de seus atos, resolve visitar um bispo na prisão, recebe o perdão dos pecados, mas acaba cativo, onde permaneceu firme na fé.

O Martírio e os Cristãos na Coreia

Decapitados em fidelidade a Deus
Em 11 de março de 1866, Marcos, aos 70 anos, e Aleixo, aos 19, caminharam juntos em direção ao martírio, quando foram decapitados, pelos próprios parentes. Os dois foram beatificados 102 anos depois, pelo Papa Paulo VI, e canonizados em 6 de maio de 1984, pelo Papa João Paulo II, ao lado de outros 93 mártires coreanos e 10 padres franceses. As estimativas é que cerca de 10 mil católicos coreanos foram martirizados no primeiro século de vida da Igreja naquele país. Em 2014, o Papa Francisco beatificou outros 124 coreanos, vítimas do martírio. 

Os cristãos hoje na Coreia
Não há como não vincular o avanço da evangelização na Coreia do Sul à fé provada ao limite do martírio de homens, como São Marcos Chong Ui-bae, catequista, e São Aleixo U Se-yong. Hoje, a Coreia do Sul vê um considerável aumento no número de católicos. Segundo o relatório do Catholic Pastoral Institute of Korea, em 2018, os católicos sul-coreanos eram 5.866.510, enquanto que, em 1999, eram 3.946.844. Uma alta de 48,9%. Neste período de tempo, a porcentagem de católicos do país passou de 8,3% a 11,1%.

Reflexão e Oração

Lição para a vida pessoal
O que se aprende com esses dois santos? Em primeiro lugar, assim como na história de todos os mártires, a inegável fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho. Ainda que São Aleixo tenha apostatado, ciente do erro que havia cometido, volta confiante na misericórdia divina à comunhão da Igreja e da fé. Com eles também aprende-se que a pertença é inegociável, mesmo que, quando quem exige uma negação são os mais próximos. Mais que isso, ensinam a não desistir daqueles que perseguem, colocando em prática o ensino de Jesus de orar sem cessar por aqueles.

Minha oração
“Senhor Jesus, que o testemunho de São Marcos Chong Ui-bae, catequista, e São Aleixo U Se-yong, de terras e épocas tão diferentes das nossas, anime o nosso coração à busca contínua do amor e fidelidade a Jesus, sabendo que, com a nossa adesão radical ao Evangelho, outros também serão alcançados — na nossa família, na nossa cidade, no nosso país —, ainda que isto seja pago com o preço da nossa própria vida. Amém!”

Santos Marcos Chong e Aleixo Se-yong, rogai por nós!


Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 11  de março:

  • São Piónio, presbítero e mártir. Fez publicamente a apologia da fé cristã, depois sofreu a aspereza do cárcere e submetido a numerosos tormentos, na Turquia [† c. 250]
  • Santos Trófimo e Talo, mártires, que, durante a perseguição do imperador Diocleciano sofreram muitos e terríveis suplícios [† s. IV]
  • São Constantino, rei, discípulo de São Colombo e mártir, na Escócia [† s. VI]
  • São Sofrónio, bispo, que com seu mestre e amigo João Mosco visitou os lugares do monaquismo; Eleito para suceder a Modesto nesta sede episcopal. Quando a Cidade Santa caiu nas mãos dos Sarracenos, defendeu vigorosamente a fé e segurança do povo, em Jerusalém [† 639]
  • São Vindiciano, bispo de Cambrai e de Arras. Exortou o rei Teodorico III a fazer penitência para expiar o crime cometido na morte de São Leodegário, na França [† c. 712]
  • São Bento, bispo de Milão, na Itália [† 725]
  • Santo Engo Cúldeo, monge, que compôs diligentemente um martirológio dos santos da Irlanda [† c. 824]
  • Santo Eulógio, presbítero e mártir, degolado à espada por ter confessado gloriosamente o nome de Cristo, em Córdova, na Espanha [† 859]
  • Beato João Batista de Fabriano Ríghi, presbítero da Ordem dos Frades Menores, na Itália [† 1539]
  • Beato Tomás Atkinson, presbítero e mártir. No reinado de Jaime I, padeceu o martírio em ódio ao sacerdócio, na Inglaterra [† 1616]
  • Beato João Kearney, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir, que, condenado à morte por ser sacerdote na Inglaterra, evitara a sentença com a fuga; mas depois, tendo regressado à pátria, sob o governo de Olivério Cromwell, foi novamente acusado de exercer o sacerdócio e sofreu o suplício da forca, na Irlanda [† 1653]
  • São Domingos Câm, presbítero e mártir. Depois de ter exercido a ação pastoral clandestinamente durante muitos anos com perigo de vida, continuando a fazê-lo no cárcere. Condenado à morte por ordem do imperador. Abraçou a cruz do Senhor, que firmemente recusara calcar aos pés, no Vietnam [† 1859]

Fontes:

  • História da Igreja na Coreia
  • Martirológio Romano

Pesquisa: George Lima Facundo – candidato às ordens sacras – Comunidade Canção Nova
Produção e edição: Fernando Fantini – Comunidade Canção Nova

 

Pai das Misericórdias

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