Amizade com Jesus
Lázaro e suas duas irmãs, Marta e Maria, eram amigos fraternos de Jesus de Nazaré. Viviam em Betânia, a cerca de três milhas de Jerusalém, e Jesus, muitas vezes, se hospedava na casa deles. A amizade entre Jesus e Lázaro é testemunhada pelas palavras com as quais Maria e Marta tinham mandado dizer-lhe para visitar o irmão doente: “Senhor, aquele que amas está enfermo”. E ainda, depois, com a chegada de Jesus, aparentemente tarde demais para salvá-lo: “Senhor, se tivesses vindo aqui – disse Marta – meu irmão não teria morrido”. As testemunhas do episódio, percebendo a perturbação e as lágrimas de Jesus diante do sepulcro fechado do amigo, murmuravam entre si: “Vejam como ele o amava…” (cf. Jo 11,3.21.36).
Maria e Marta para o Papa Francisco
Marta pode ser comparada àqueles muitos cristãos “que, sim, vão à missa aos domingos, mas estão sempre ocupados”, têm muito o que fazer e não param para ouvir a palavra de Deus.” “A estes carecem de contemplação – afirma o Papa na Missa celebrada em Santa Marta no dia 9 de outubro de 2018. Faltava isso a Marta (…) perder tempo olhando para o Senhor”. Maria, por outro lado, “olhou para o Senhor, porque o Senhor tocou o coração dela; e daí, por inspiração do Senhor, é de onde vem o trabalho que deve ser feito depois”.
E é novamente sobre Maria que Francisco centra a sua reflexão no Angelus de 21 de julho de 2019. “Deixe o que estava fazendo para ficar perto de Jesus – diz o Papa sobre ela -, ela não quer perder nenhuma de suas palavras. Tudo deve ser posto de lado – continua Francisco -, porque, quando ele vem nos visitar em nossa vida, Sua presença e Sua palavra vêm antes de tudo. O Senhor sempre nos surpreende: quando o ouvimos realmente, as nuvens se dissipam, as dúvidas dão lugar à verdade, os medos à serenidade e as diferentes situações da vida encontram o lugar certo”.
E sobre a vida cotidiana, o Pontífice argumenta: “Trata-se de fazer uma pausa durante o dia, de reunir-se em silêncio, por alguns minutos, para dar lugar ao Senhor que ‘passa’, e encontrar a coragem de ficar um tempo separado com ele, para depois voltar, com serenidade e eficácia, às coisas cotidianas”. Por isso, para Francisco, “elogiando o comportamento de Maria, que ‘escolheu a melhor parte’, Jesus parece repetir a cada um de nós: para realizar bem as tarefas que a vida lhe atribui’”. No entanto, mesmo Marta deve ser imitada. Para o Papa, “esta mulher tinha o carisma da hospitalidade”, por isso, seguindo o seu exemplo, devemos “assegurar que, nas nossas famílias e nas nossas comunidades, seja vivido o sentido do acolhimento, da fraternidade, para que todos possam sentir-se ’em casa’, sobretudo os pequenos e os pobres quando batem à porta”.
Marta e Maria, então, indicam o caminho, continua Francisco, e por isso é necessário combinar suas duas atitudes: “por um lado, ‘de pé aos pés’ de Jesus, para ouvi-lo enquanto ele revela o segredo de tudo para nós; por outro lado, estar atentos e prontos na hospitalidade, quando Ele passar e bater a nossa porta, com cara de amigo que precisa de um momento de refrigério e fraternidade”. Em todo caso, pela sua louvável dedicação aos preparativos, para oferecer ao hóspede uma confortável permanência na sua casa, Marta é reconhecida pela Igreja como modelo de laboriosidade. Marta e Maria são, respectivamente, exemplos de ação e contemplação, de vida ativa e de vida de oração. Logo, ambos os aspectos jamais devem faltar em um cristão, tampouco contrapor-se, mas completar-se.
Fé na ressurreição
Marta deu-nos um grande testemunho de fé! Das palavras que dirigiu a Jesus, há quatro dias da morte do irmão Lázaro, emerge um credo total sem hesitação nem dúvida. Marta tem uma confiança ilimitada em Deus, mesmo diante daquilo que, aos homens, possa parecer impossível. «Marta, ouvindo que Jesus estava vindo, foi-lhe ao encontro. Maria ficou sentada em casa. Então, Marta disse a Jesus: “Senhor, se você estivesse aqui, meu irmão não teria morrido. Mas, também agora, sei que tudo o que pedir a Deus ele lhe concederá”.
Esta, por si só, é uma extraordinária profissão de fé! “Jesus lhe disse: Seu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? Disse-lhe ela: Sim, Senhor, sei que você é o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”» (Jo 11,20-27).
Eis a essência do cristianismo! Marta condensa toda sua fé na sua resposta, porque esta é a fé de todo fiel; uma simples resposta na qual cada cristão encontra o seu propósito de vida. O episódio da ressurreição de Lázaro, narrado apenas no Evangelho de São João, tem um valor profético e simbólico, porque preanuncia a Ressurreição de Cristo. A casa dos amigos de Betânia e o sepulcro vazio de Lázaro tornaram-se, logo, desde os primórdios do cristianismo, meta de peregrinações, às vésperas do Domingo de Ramos.
Testemunha e perseguição
A narração de São João prossegue dizendo que o episódio da ressurreição de Lázaro fez com que muitos dos presentes se convertessem e cressem em Jesus. Isso contribuiu para aumentar ainda mais o clima de suspeita e de ódio em relação a Jesus por parte dos Sumos Sacerdotes e Fariseus, que viam nele um perigoso subornador. Além do mais, quando Lázaro participou de um banquete, oferecido em honra de Jesus, haviam decidido matá-lo também, porque muita gente tinha acorrido para vê-lo, pois pensava-se que Ele, realmente, era o Filho de Deus.
A minha oração
Aos santos irmãos, pedimos a graça da amizade e da união em nossas famílias, para que, a exemplo uns dos outros, possamos ser santos, e nas diferenças de cada um realizarmos o Reino de Deus. Amém!
Santos Lázaro, Maria e Marta , rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 29 de Julho:
- Em Gangra, na Paflagónia, hoje Çankiri, na Turquia, São Calínico, mártir. († s. II-III)
- Na Via Portuense, a três milhas de Roma, no cemitério dedicado ao seu nome, São Félix, mártir. († s. III-IV)
- Também em Roma, no cemitério de Generosa, os santos Simplício, Faustino, Viadora e Rufo, mártires. († s. III-IV)
- Em Troyes, na Gália Lionense, na hodierna França, São Lopo, bispo. († c. 478)
- Em Orleães, também na Gália Lionense, São Próspero, bispo. († s. V)
- Em Tromdheim, na Noruega, Santo Olavo, mártir. († 1030)
- Em Roma, o Beato Urbano II, papa. († 1099)
- Em Saint-Brieuc, cidade da Bretanha Menor, região da atual França, São Guilherme Pinchon, bispo. († 1234)
- Em Omura, no Japão, os beatos mártires Luís Bertran, presbítero da Ordem dos Pregadores, Mâncio da Santa Cruz e Pedro de Santa Maria. († 1627)
- Num barco-prisão, na França, o Beato Carlos Nicolau António Ancel, presbítero da Congregação de Jesus e Maria e mártir. († 1794)
- Em Qingyan, província da China, os santos mártires José Zhang Wenlan, Paulo Chen Changpin, alunos do seminário, João Baptista Lou Tingyin, administrador do seminário, e Marta Wang Louzhi, viúva. († 1861)
- Em La Musse, na Bretanha, região da França, São Luís Martin, pai de Santa Teresa do Menino Jesus. († 1894)
Em Esplugues,, na Espanha, o Beato João Baptista Egozcuezábal Aldaz, da Ordem de São João de Deus e mártir. († 1936) - Em Calanda, também na Espanha, os beatos Lúcio Martínez Mancebo, presbítero da Ordem dos Pregadores, e companheiros mártires. († 1936)
- Em Valência, também na Espanha, o Beato José de Calasanz Marqués, presbítero da Sociedade Salesiana e mártir. († 1936)
- Em Clot dels Aubins, na Espanha, os beatos Ângelo Maria Prat Hostench, presbítero da Ordem dos Carmelitas Descalços e companheiros. († 1936)
- Fontes:
- Martirológio Romano – liturgia.pt
- Liturgia das Horas
- vatican.va e vaticannews.va
- Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aquino [Cléofas 2007]
– Pesquisa e redação: Rafael Vitto – Comunidade Canção Nova
– Produção e edição: Bianca Vargas